sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dyrce Araújo fala sobre a Ciranda de Poesia



Com formação em Letras, filha e neta de professores de língua portuguesa, a escritora, educadora e membro da Academia Joseense de Letras Dyrce Araújo fala da importância da Ciranda de Poesia para o fomento da literatura em nossa região.

por Giselle Lourenço

A escritora e educadora Dyrce Araújo falou de forma intensa sobre cultura, educação e poesia ao Núcleo de Comunicação do Bola de Meia.
Dyrce é hoje, uma figura fundamental no processo cultural da região do Vale do Paraíba. Sua trajetória implica em, desde muito cedo, concomitante com o exercício de lecionar a língua portuguesa, ter apaixonado-se também por projetos comunitários, a princípio com propostas de trabalhos teatrais, mas que com o tempo ampliou-se para outras tantas linguagens artísticas que passaram a contribuir para o desenvolvimento de capacidade de expressão de várias comunidades na região.
Ganhou muita experiência ao começar seu trabalho como agente cultural na Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de onde, aos poucos, pela intensidade com que abraçava novos empreendimentos culturais, foi colaborando fortemente para um formato mais dinâmico de todo o processo de construção cultural da cidade, com um acento ainda maior para a Literatura e para a motivação da produção escrita dos autores regionais.
Dentre seus livros publicados, estão: “Quando a Casa Dorme”, “O Pecado Imortal”, “Sagrada Paixão”.
Dyrce foi, ainda, diretora de cultura de Jacareí e por quatro anos dirigiu a Biblioteca Pública da Fundação Cassiano Ricardo em São José dos Campos.
A escritora encontra-se citada em antologias e também no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras de Nelly Novaes Coelho, uma obra que reúne a pesquisa de verbetes das principais autoras brasileiras.
Dyrce tem sido frequentadora quase que assídua da Ciranda de Poesia, um projeto que acontece no Ponto de Cultura Bola de Meia e que reúne autores, poetas e apreciadores de poesia e literatura de toda a região. A professora nos conta que encontrou na Ciranda de Poesia do Bola de Meia, antes de mais nada, um grande acolhimento.
A autora acentua que hoje, há um esforço grande de escritores do Vale para que o incentivo à Literatura possa desenvolver-se ainda mais. Porém, ressalta que a região, principalmente a cidade de São José dos Campos já foi bem mais viva e rica culturalmente, mais especificamente no âmbito literário em meados das décadas de 80 e 90.
Dyrce fez questão de lembrar que, hoje, não tem conhecimento de alguma ação que envolva escritores e poetas na região de maneira frequente e articulada como o Projeto da Ciranda. “O que vejo hoje são iniciativas esporádicas de alguns poetas que se reúnem para tentar promover algo ou então eventos literários maiores mas que não possuem um formato de continuidade, como é o caso da Ciranda de Poesia” – explica.
A autora fala com admiração sobre as conquistas de permanência das atividades do Ponto de Cultura Bola de Meia, uma vez que, segundo ela, viu na cidade muitas iniciativas artísticas e culturais que começam, vigoram por algum tempo e que, de uma hora pra outra, terminam. Para o Bola de Meia, saber que a escritora carrega esta visão do Ponto de Cultura vem ao encontro daquilo que sempre prezamos com relação ao cultivo das capacidades de cada ser, da criação e disseminação do saber e do fazer coletivo.
Dyrce acha fundamental que educadores olhem mais para o Projeto Ciranda de Poesia para que, de alguma forma, articule uma extensão para as salas de aula, vendo na Ciranda o complemento pedagógico essencial para incentivo à leitura dos educandos.
A autora, enfim, salienta a necessidade de mais bibliotecas, mas coloca uma definição de bibliotecas como algo inovador, pois conceber a biblioteca como apenas o prédio que contém livros é algo que fica muito aquém das necessidades de mudanças culturais de nosso país. Dyrce imagina bibliotecas como um organismo vivo, que deve prezar pelo direcionamento, pela assistência pedagógica, com menos burocracia e mais vivência e trocas de experiências entre frequentadores, professores e funcionários.
Nós do Ponto de Cultura Bola de Meia agradecemos sempre a presença da professora Dyrce em nossas Cirandas e desejamos que mais promotores culturais possam lançar, a seu convite, os olhares para este espaço democrático de incentivo à poesia e à atividade de produção escrita.
Grata, professora Dyrce!
Agradecemos a todos os frequentadores e amigos de nossa Ciranda!

Fotos: Paulo Henrique Pereira

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lançamento do Livro "Cultura Popular do Vale do Paraíba"



por Giselle Lourenço

O livro “Cultura Popular do Vale do Paraíba” de Jacqueline Baumgratz[1] nos conduz a uma viagem pelas tradições do Vale do Paraíba e pelas manifestações diversas que somam características fortes da cultura da região.
A intenção da autora nesta obra é de salvaguardar o valor inestimável de tantos mestres de cultura popular, tanto os que viveram por aqui e já se foram como o grande Mestre Zé Mira, como os mestres que por aqui ainda vivem e transmitem ensinamentos que hoje são seguidos por diversas comunidades. Tratam-se de mestres que independem de títulos e de reconhecimento acadêmico para fazer valer sua contribuição na formação de pessoas e que souberam educar gerações através de seus talentos e vivências corroborando uma maior integração social, o respeito comum, a valorização dos indivíduos, a política e a cidadania.
Por entre as páginas, a autora perpassa por manifestações diversas que vão desde a atuação mestres da tradição oral a mestres artesãos, figureiras etc.
Lançado no último dia 22 de agosto na Biblioteca Municipal Henrique Macedo, na cidade de Jacareí (SP) o livro “Cultura Popular do Vale do Paraíba” de Jacqueline Baumgratz.
Há ainda, explicações a respeito de simbologias e rituais dessas manifestações como catira, dança de fitas, folia de reis (com o significado dos marombos entre outros), explicações sobre a árvore de Natal e o presépio, sobre a congada etc. Também há depoimentos de professores e mestres dessas manifestações e algumas letras de músicas típicas.
O acervo de fotografias nos remete ainda mais ao o universo cultural sobre o qual o Vale foi edificado e nos permite conhecer mais de perto mestres como Zé Mira, Dona Lili – Figureira, Inezita Barroso, Mestre Lumumba, entre tantos outros reconhecidos mestres.
Um CD com músicas típicas das manifestações culturais acompanha o livro. Músicas que são cantadas, por exemplo, na folia de reis, na visita aos presépios, etc.
O livro “Cultura Popular do Vale do Paraíba” é uma obra que nos coloca em contato com as raízes do Vale e nos permite perceber a importância dessas manifestações para a história cultural do país. Permite às novas gerações conhecer um Vale que muito se transformou nos últimos anos, mas que ainda possui riquezas culturais inestimáveis e que vale à pena conhecê-las.


         Para adquirir o livro “Cultura Popular” você pode visitar o sitewww.ciabolademeia.org.br e acessar a lojinha. Também pode enviar um e-mail para: ciabolademeia@ciabolademeia.org.br.
A noite rendeu uma sessão de autógrafos. Acima, Jacqueline e Alcemir Palma autografando suas obras 

[1] Jacqueline é educadora, pesquisadora, psicopedagoga e atriz. Coordena projetos culturais e dirige espetáculos teatrais voltados ao público infantil. Em 2009, recebeu o Prêmio Taxáua do Ministério da Cultura pela atuação e articulação como liderança em ações artísticas e culturais no Brasil e é idealizadora e presidente da Cia Cultural Bola de Meia, fundada em 1989 na cidade de São José dos Campos.