Com formação em Letras, filha e neta de professores de língua portuguesa, a escritora, educadora e membro da Academia Joseense de Letras Dyrce Araújo fala da importância da Ciranda de Poesia para o fomento da literatura em nossa região.
por Giselle Lourenço
A escritora e educadora Dyrce Araújo falou de forma intensa sobre cultura, educação e poesia ao Núcleo de Comunicação do Bola de Meia.
Dyrce é hoje, uma figura fundamental no processo cultural da região do Vale do Paraíba. Sua trajetória implica em, desde muito cedo, concomitante com o exercício de lecionar a língua portuguesa, ter apaixonado-se também por projetos comunitários, a princípio com propostas de trabalhos teatrais, mas que com o tempo ampliou-se para outras tantas linguagens artísticas que passaram a contribuir para o desenvolvimento de capacidade de expressão de várias comunidades na região.
Ganhou muita experiência ao começar seu trabalho como agente cultural na Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de onde, aos poucos, pela intensidade com que abraçava novos empreendimentos culturais, foi colaborando fortemente para um formato mais dinâmico de todo o processo de construção cultural da cidade, com um acento ainda maior para a Literatura e para a motivação da produção escrita dos autores regionais.
Dentre seus livros publicados, estão: “Quando a Casa Dorme”, “O Pecado Imortal”, “Sagrada Paixão”.
Dyrce foi, ainda, diretora de cultura de Jacareí e por quatro anos dirigiu a Biblioteca Pública da Fundação Cassiano Ricardo em São José dos Campos.
A escritora encontra-se citada em antologias e também no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras de Nelly Novaes Coelho, uma obra que reúne a pesquisa de verbetes das principais autoras brasileiras.
Dyrce tem sido frequentadora quase que assídua da Ciranda de Poesia, um projeto que acontece no Ponto de Cultura Bola de Meia e que reúne autores, poetas e apreciadores de poesia e literatura de toda a região. A professora nos conta que encontrou na Ciranda de Poesia do Bola de Meia, antes de mais nada, um grande acolhimento.
A autora acentua que hoje, há um esforço grande de escritores do Vale para que o incentivo à Literatura possa desenvolver-se ainda mais. Porém, ressalta que a região, principalmente a cidade de São José dos Campos já foi bem mais viva e rica culturalmente, mais especificamente no âmbito literário em meados das décadas de 80 e 90.
Dyrce fez questão de lembrar que, hoje, não tem conhecimento de alguma ação que envolva escritores e poetas na região de maneira frequente e articulada como o Projeto da Ciranda. “O que vejo hoje são iniciativas esporádicas de alguns poetas que se reúnem para tentar promover algo ou então eventos literários maiores mas que não possuem um formato de continuidade, como é o caso da Ciranda de Poesia” – explica.
A autora fala com admiração sobre as conquistas de permanência das atividades do Ponto de Cultura Bola de Meia, uma vez que, segundo ela, viu na cidade muitas iniciativas artísticas e culturais que começam, vigoram por algum tempo e que, de uma hora pra outra, terminam. Para o Bola de Meia, saber que a escritora carrega esta visão do Ponto de Cultura vem ao encontro daquilo que sempre prezamos com relação ao cultivo das capacidades de cada ser, da criação e disseminação do saber e do fazer coletivo.
Dyrce acha fundamental que educadores olhem mais para o Projeto Ciranda de Poesia para que, de alguma forma, articule uma extensão para as salas de aula, vendo na Ciranda o complemento pedagógico essencial para incentivo à leitura dos educandos.
A autora, enfim, salienta a necessidade de mais bibliotecas, mas coloca uma definição de bibliotecas como algo inovador, pois conceber a biblioteca como apenas o prédio que contém livros é algo que fica muito aquém das necessidades de mudanças culturais de nosso país. Dyrce imagina bibliotecas como um organismo vivo, que deve prezar pelo direcionamento, pela assistência pedagógica, com menos burocracia e mais vivência e trocas de experiências entre frequentadores, professores e funcionários.
Nós do Ponto de Cultura Bola de Meia agradecemos sempre a presença da professora Dyrce em nossas Cirandas e desejamos que mais promotores culturais possam lançar, a seu convite, os olhares para este espaço democrático de incentivo à poesia e à atividade de produção escrita.
Grata, professora Dyrce!
Agradecemos a todos os frequentadores e amigos de nossa Ciranda!
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